Investigação Universidade de Washington e do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa foi publicado na revistaPain Medicine. Este explora a forma como cultivar a crença numa vida com um propósito, apesar dos desafios da dor crónica, pode promover melhorias ao nível psicológico.
“A dor crónica é um problema generalizado que tem o potencial de impactar negativamente o bem-estar e a qualidade de vida”, explica Alexandra Ferreira-Valente, investigadora do Centro de Investigação e Intervenção Social do Iscte (CIS-Iscte).O estudoteve como objetivo explorar de que forma as crenças sobre ter uma vida com significado estão associadas a um melhor ajustamento em adultos com dor crónica.
A equipa de investigação realizou um questionário a uma amostra diversificada de 164 participantes com dor crónica. Avaliaram um conjunto de variáveis psicológicas, incluindo sintomas de perturbação de stress pós-traumático (PSPT), ansiedade, depressão, crenças pessoais e estratégias para lidar com a dor crónica e a sua interferência na vida quotidiana. Os resultados indicaram que a capacidade de encontrar um sentido para a vida, mesmo no meio da adversidade, estava associada a uma menor interferência da dor e a sintomas menos graves de PSPT, ansiedade e depressão. Isto reforça a ideia de que a promoção de um sentido de propósito é fundamental para o bem-estar emocional de uma pessoa, apesar das adversidades. As intervenções psicológicas fenomenológicas existenciais que se centram no significado e no sentido de objetivo, juntamente com os tratamentos físicos, podem ser um instrumento poderoso para este fim.
“Os nossos resultados revelaram que as pessoas que mantiveram uma forte crença na sua capacidade de viver com significado, apesar da dor, apresentaram melhores níveis de funcionamento e resiliência”, explica Alexandra Ferreira-Valente. Segundo a investigadora, este resultado sugere que as crenças e atitudes pessoais podem servir como fatores críticos na gestão do impacto psicológico da doença crónica.
Entre as implicações mais abrangentes do estudo, a equipa de investigação salienta a necessidade de integrar a resiliência psicológica e a criação de significado nos planos de tratamento da dor crónica. Isto porque, segundo o estudo, a compreensão de que é possível ter uma vida com significado apesar da dor e o reforço do sentido de propósito de uma pessoa pode levar a melhores abordagens terapêuticas. “Para isso, é necessária uma abordagem multidisciplinar nos serviços de saúde para a dor crónica”, conclui Alexandra Ferreira-Valente.
A equipa de investigação, constituída por David E. Reed II (Universidade de Washington; VA Puget Sound Health Care), Melissa A. Day (Universidade de Washington; Universidade de Queensland), Alexandra Ferreira-Valente (CIS-Iscte) e Mark P. Jensen (Universidade de Washington), deixa ainda a sugestão de que estudos futuros se devem centrar na exploração das relações causais entre os sistemas de crenças e os impactos na saúde.
Este texto é publicado n’o largo. no âmbito do projeto "Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa", promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa.
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A estudante é uma voz conhecida de esquerda na internet brasileira e recebeu mensagens de ódio antes
por Agência Pública
Esta é uma republicação integral em português do Brasil de um artigo da autoria de Amanda Audi, com edição de Mariama Correia, e disponibilizado originalmente no site da Agência Pública.
Na manhã de 14 de março, uma sexta-feira, a influenciadora Laura Sabino estudava em seu quarto, em Belo Horizonte (MG), quando sofreu uma tentativa de assassinato. Ela estava debruçada sobre um livro quando ouviu um barulho na sala de casa. Pensou que poderia ser o seu gato e levantou a cabeça para olhar. Mas o que ela viu, pela fresta da porta, iria assombrar a sua vida para sempre.
Nos 20 minutos seguintes, Sabino seria atingida com pelo menos nove golpes de faca desferidos pelo próprio irmão, que ainda tentou queimá-la viva. As facadas perfuraram seu abdômen, braços e ombros. Não se trata, porém, de um episódio isolado de violência doméstica, mas sim o resultado de anos de ameaças sistemáticas que misturam misoginia, perseguição política e falhas crônicas do Estado, segundo ela relata.
Documentos obtidos pela Agência Pública revelam que nem mesmo os cinco boletins de ocorrência, a inclusão no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos e uma medida protetiva concedida cinco dias antes do ataque foram suficientes para livrar a influenciadora da agressão que quase a levou à morte.
Com quase 1 milhão de seguidores nas redes sociais, Laura Sabino é uma das vozes mais conhecidas da esquerda na internet. Aos 25 anos, a estudante de História produz conteúdo sobre política desde 2019, e vários de seus posts “furaram a bolha” e viralizaram para fora do seu público – como quando fez um vídeo rebatendo argumentos do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira sobre o escândalo do INSS.
Naquela sexta-feira, a influenciadora havia comprado um bolo e preparado suco para receber o pai, que estava voltando de um pós-doutorado em Portugal. Sabino tem uma profunda admiração por ele, que foi o primeiro da família com formação superior, depois de vender salgados na rua para ajudar na renda da família. Ele trabalhou como professor da rede pública mineira por duas décadas e, hoje, dá aulas na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde a filha também estuda.
Violência anunciada
Dois dias antes do ataque, um influenciador de direita com milhares de seguidores publicou uma fake news sobre Sabino, em que a associava a drogas e a acusava de maltratar funcionários de um prédio na Zona Sul de Belo Horizonte (onde ela nunca morou). Ela desmentiu e anunciou medidas judiciais contra o autor do post, mas ainda assim, a mentira se espalhou como rastilho de pólvora.
Nas 48 horas seguintes, a influenciadora recebeu uma montanha de mensagens de ódio e sofreu a tentativa de assassinato. Para ela, os fatos podem estar relacionados. Durante o ataque, de acordo com a influenciadora, o irmão fez menções que remeteram à notícia falsa. “Ele disse que eu era um personagem da internet, que defendo patifarias, que por isso eu estava me fodendo na internet”, afirma.
Há anos a influenciadora é atacada nas redes sociais pelos seus posicionamentos políticos, o que quase sempre descamba para agressões e ameaças. Uma das situações traumáticas foi quando usuários anônimos viralizaram um vídeo pornô como se fosse ela nas imagens – na verdade, era apenas uma outra mulher ruiva.
Sabino registrou três boletins de ocorrência relatando as ameaças, mas nada aconteceu. Com medo de os ataques ultrapassarem o ambiente virtual e ameaçarem a sua integridade física, ela decidiu sair de casa e passou a alternar hospedagens em casas de parentes e amigos. Foi neste contexto que Sabino passou a também ser constrangida e ameaçada pelo irmão, cujo nome não será divulgado a pedido da família.
Áudios e mensagens a que a reportagem teve acesso mostram que ele ligava para a irmã várias vezes por dia, a chamava de “vagabunda” e outras palavras de baixo calão, dizia que iria para casa dela pegar “tudo o que tinha dentro” e fazia ameaças com tom violento.
Em 4 de setembro do ano passado, Sabino participou de uma audiência pública sobre violência de gênero contra mulheres ligadas à política em Minas Gerais, em que relatou como as ameaças nas redes sociais se aproximavam cada vez mais de sua vida privada. Em dezembro, ela foi incluída no Programa de Proteção a Defensores dos Direitos Humanos.
A influenciadora também pediu uma medida protetiva com base na Lei Maria da Penha contra o irmão, que foi autorizada em 10 de março – apenas cinco dias antes da tentativa de feminicídio. No entanto, ele foi notificado pela Justiça apenas na semana seguinte ao crime.
Com medo do que poderia acontecer e se sentindo desamparada, Sabino escondeu facas e objetos cortantes de sua casa, passou a evitar espaços abertos em eventos, reduziu a participação no cursinho comunitário que atua e diminuiu sua presença online.
"Alguém podia tanto te matar"
No áudio a que a reportagem teve acesso e que consta na medida protetiva, o agressor reproduz falas sexistas e homofóbicas. “Você paga simpatia para todo mundo, para essas bichas, essas pessoas aí. Você desde pequena sabe que eu não colo com esse povo, com essas patifarias, e vem me abraçar”, disse o irmão de Sabino. “Você é uma vagabunda que nem minha mãe falou”.
Sabino se recorda que, na ocasião, ela estava feliz porque o cursinho popular que ajudou a idealizar estava para começar a funcionar. Animada, deu um abraço no irmão. Ele se trancou no quarto e mandou um áudio a chamando de “filha da puta” e “desgraçada”, seguido das críticas ao cursinho e a culpando pelo seu quadro depressivo.
Nas semanas seguintes, depois de ligar diversas vezes para a irmã, que evitava atender, ele mandou uma mensagem ameaçadora. “Mas alguém podia tanto te matar, vei. Na moral. Vagabunda”, escreveu.
Nos meses anteriores ao crime, Sabino e seu pai procuraram formas de lidar com a situação. Eles pagavam por tratamento especializado para o irmão, mas perceberam que o seu quadro de saúde mental se deteriorava. Pediram ajuda a unidades de saúde que pudessem oferecer internação, mas não encontraram vaga pelo sistema público e os preços de clínicas particulares passavam das dezenas de milhares de reais, o que é incompatível com o orçamento da família.
Com a relação impossível dentro da casa do pai, o irmão foi morar com uma tia na metade do ano passado. Depois, no fim de 2024, se mudou para a casa da mãe, que, segundo a família, deixou o convívio com os filhos quando eles ainda eram crianças, sem participação emocional ou financeira durante o crescimento deles.
A Agência Pública tentou contato com a defesa do irmão de Sabino mas, segundo a Defensoria Pública de Minas Gerais, ainda não houve designação de um defensor para o caso.
A tentativa de feminicídio
Segundo Sabino, o agressor saiu cedo da casa onde estava morando nos últimos meses e foi de ônibus até onde a irmã estava. Chegando lá, por volta das 10h, ele pulou o muro [o barulho que Sabino escutou] e pegou o que encontrou na cozinha: duas facas de serra. Se encaminhou ao quarto de Sabino e imediatamente começou a golpeá-la.
Ela só teve tempo de levar os braços para a frente do rosto, no intuito de se defender. Ela inicialmente achou que estava recebendo socos, até começar a sentir uma ardência incomum e algo quente escorrendo. Foi então que olhou para baixo, viu o chão cheio de sangue e entendeu que na verdade estava sendo esfaqueada. “Pensei que ia morrer. Sentia meu corpo ficando mais fraco. Esse episódio aconteceu em uns 20 minutos, mais ou menos, mas na minha cabeça foram duas horas”, diz.
Entre luta física e desmaios, a influenciadora sentiu algo gelado em sua perna e um cheiro forte. Nesse momento, ela percebeu que ele tinha jogado álcool gel em seu corpo e estava tentando a matar queimada. “Senti que a cama deu um desnível, como se ele tivesse se levantado. Abri o olho e vi ele indo na mochila dele pegar o fósforo. Nessa hora saí correndo, consegui pegar o celular e corri”, conta ela. “Quando passei da porta do quintal, liguei pro meu namorado e falei: “Ele me matou. Ele conseguiu. Eu vou morrer”.
O autor foi preso em flagrante, que depois foi convertida em prisão preventiva. Hoje ele segue preso em Belo Horizonte, enquanto aguarda julgamento.
“Vou ficar doce igual caramelo”
A família diz não saber ao certo o que levou o agressor a cometer um ato tão extremo. O relacionamento era marcado por conflitos e episódios de agressividade, mas ninguém imaginava que a situação pudesse chegar a uma tentativa de feminicídio. No entanto, eles levantam algumas hipóteses.
Segundo Sabino, o irmão apresentava piora na saúde mental e nos episódios violentos, e o tom ameaçador teria se agravado com a notícia do pós-doutorado de seu pai. As intimidações também teriam aumentado depois que ele se mudou para a casa da mãe e interrompeu o tratamento psiquiátrico.
No boletim de ocorrência registrado no dia do crime, o agressor disse a sua versão. “Segundo o autor, ele pulou a janela e foi para matá-la e posteriormente cometer autoextermínio, utilizando álcool e fogo. Ele alega que queria fazer isso para atingir o pai e deixá-lo com remorso, pois alega que o pai tem o hábito de tomar o seu dinheiro”, diz o documento.
Alguns áudios enviados pelo irmão a Sabino reproduzem termos misóginos típicos de grupos extremistas, como os que ela recebe no ambiente online. Ainda não se sabe exatamente qual o nível da participação do agressor nestes grupos.
A vida após a sobrevivência
Ribeirão das Neves, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte em que Sabino cresceu, figura entre os piores lugares do país para ser mulher segundo um levantamento do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), que avalia o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) feminino. Criada na periferia, ela atua desde adolescente em coletivos de acolhimento a vítimas de violência doméstica — mesmo quando, paradoxalmente, hesitava em reconhecer-se como uma delas. “Queria manter minha dignidade e ajudar outras mulheres”, diz.
Retomando a rotina, o que inclui os estudos e o trabalho nas redes e em movimentos sociais, Sabino afirma que suas convicções seguem firmes. “Essa violência foi apenas um episódio de uma vida inteira de luta”, ela diz, frisando que não se vê como uma vítima.
Ela só resolveu falar sobre o episódio agora, quase três meses depois da tentativa de feminicídio, após receber mensagens perturbadoras nas redes sociais. “Comecei a ver comentários como: ‘Laura, você devia fazer mais vídeos de corte, ouvi dizer que você é boa com cortes’, no Twitter e Instagram”, relata. “Prefiro contar minha história a um veículo sério, que apure os fatos com justiça, antes que a extrema direita distorça tudo. Não quero que tratem isso como mero furo jornalístico”, afirma.
Os números mostram que a violência que Sabino sofreu não é um caso isolado. Segundo o estudo “Violência Política e Eleitoral no Brasil”, das organizações Terra de Direitos e Justiça Global, quase metade dos ataques políticos entre 2022 e 2024 tiveram mulheres como alvo – a maioria começa pelas redes sociais, e, depois, pode migrar para o “mundo real”, como parece ter sido o caso da influenciadora.
“A luta de Laura simboliza mais do que resistência: ela escancara a urgência de políticas efetivas de proteção a defensores e defensoras de direitos humanos. É preciso garantir que ativistas como ela possam continuar seu trabalho sem medo, com dignidade, segurança e respeito”, disse, em nota, a equipe do Programa de Proteção a Defensores dos Direitos Humanos de Minas Gerais, que Sabino faz parte.
Aos poucos, ela e o pai retomam suas atividades e tentam processar o trauma. “Alguns dias são mais leves, outros são pesados. Quando deito na cama, tudo volta na minha cabeça. É como um luto”, ela desabafa.
Este artigo foi originalmente publicado no site da Agência Pública e republicado na íntegra n’o largo. ao abrigo da licença Creative Commons CC BY-ND 4.0.
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"É uma leitura essencial para quem deseja ir além dos soundbites da mídia"
por António Piedade
“Humano, Demasiado Humano” de Neil D. Lawrence, apesar do título que evoca a obra filosófica de Nietzsche, mergulha numa exploração cativante e acessível do panorama daInteligência Artificial (IA). Longe de ser um tratado filosófico denso, o livro posiciona-se como um guia esclarecedor para qualquer pessoa interessada em compreender o impacto multifacetado da IA nas nossas vidas.
Este livro, “Humano, Demasiado Humano”, foi publicado entre nós em Fevereiro de 2025, pela editora Gradiva, inserido na sua prestigiada coleção “Ciência Aberta” com o número 251. Recorde-se que a coleção “Ciência Aberta” é atualmente coordenada por Carlos Fiolhais, que também fez a revisão científica deste livro. A tradução do original em inglês esteve a cargo de Jorge Pereirinha Pires.
Lawrence, um proeminente especialista em IA, consegue a proeza de desmistificar conceitos complexos, tornando-os compreensíveis até mesmo para leitores sem formação técnica. A sua escrita é clara e envolvente, pontuada por analogias perspicazes e exemplos do mundo real que ilustram as capacidades e limitações da IA. O autor evita o sensacionalismo, optando por uma abordagem equilibrada que reconhece tanto o potencial transformador da IA quanto os seus desafios inerentes.
Um dos pontos mais fortes do livro reside na sua capacidade de traçar um panorama abrangente da IA, desde os seus fundamentos históricos até às suas aplicações mais recentes. Lawrence discute a evolução da aprendizagem de máquina, as redes neuronais e o processamento de linguagem natural, sem sobrecarregar o leitor com jargões técnicos excessivos. Em vez disso, ele foca-se nos princípios subjacentes e nas implicações práticas de cada tecnologia.
Além da dimensão técnica, “Humano, Demasiado Humano” destaca-se pela sua análise dasramificações sociais e éticas da IA. Lawrence aborda questões cruciais como a privacidade de dados, o viés algorítmico, a automação e o futuro do trabalho, e a responsabilidade na tomada de decisões por sistemas autónomos. O autor convida os leitores a refletir criticamente sobre estas questões, promovendo um diálogo necessário sobre como podemos moldar um futuro onde a IA seja uma força para o bem.
Apesar do seu tom geralmente optimista em relação ao progresso tecnológico, Lawrence não ignora os perigos potenciais. Ele sublinha a importância de uma governança robusta e de uma regulamentação cuidadosa para garantir que a IA seja desenvolvida e implementada de forma responsável e ética. O livro não oferece soluções fáceis, mas sim um quadro para pensar sobre os desafios e oportunidades que a IA nos apresenta.
Em suma, “Humano, Demasiado Humano” é uma leitura essencial para quem deseja ir além dossoundbitesda mídia e obter uma compreensão mais profunda da IA. É um livro que informa, provoca a reflexão e capacita os leitores a participar da discussão sobre o futuro da tecnologia. Neil D. Lawrence entregou uma obra que é tanto um guia prático quanto um convite à contemplação sobre o nosso lugar num mundo cada vez mais moldado pela inteligência artificial.
Este autor não escreve segundo as normas do Acordo Ortográfico de 1990.
Este texto é publicado n’o largo. no âmbito do projeto "Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa", promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa.
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