Exposição celebra centenário de Natália Correia

Coordenadora geral da exposição considera que não seria possível “deixar passar em branco esta efeméride”.
Exposição celebra centenário de Natália Correia
Direitos reservados
Este artigo foi publicado há, pelo menos, 12 meses, pelo que o seu conteúdo pode estar desatualizado.

O artigo foi escrito originalmente no dia 06 de setembro.

A Casa de Portugal, um local emblemático de Paris, celebra, em todas as oportunidades relevantes, o património lusófono em França. Neste contexto, vai realizar uma exposição com o titulo “Mulher Atlante”, para comemorar o centenário do nascimento de Natália Correia.

A coordenadora geral da exposição, Paula Lisboa, salientou que não seria possível «deixar passar em branco esta efeméride, contando com o trabalho muito empenhado do curador Rui A. Pereira, que idealizou e organizou a exposição». O seu reconhecimento foi extensivo a Ana Paixão, «uma talentosa intelectual, garante da exposição ‘Mulher Atlante’ que possui uma qualidade artística notável, em plena sintonia com a tradição de excelência que caracteriza os acontecimentos efetuados pela Casa de Portugal e pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Enalteceu ainda Paula Lisboa «o importante contributo da Perve Galeria, através de Carlos Cabral Nunes e Nuno Espinho da Silva, pela cedência das obras agora apresentadas. Agradeceu, ainda, a todos os artistas convidados, pela qualidade das obras expostas e a dedicação, sem limites, dos trabalhadores da Casa de Portugal. Revelou, entretanto, que uma das participantes é a pintora Carmo Pólvora, uma das amigas mais íntimas de Natália: «Foi a artista plástica a quem Natália Correia dedicou o seu último texto de análise crítica sobre arte e onde surgiu a ideia da Mulher Atlante que prepondera em toda a exposição.»

Paula Lisboa, ao concluir o seu depoimento, referiu que «Natália fez tudo o que estava ao seu alcance para a construção de um país melhor, não deixando passar em vão os valores da democracia que expressava nas suas obras literárias e artísticas e nas suas intervenções políticas. A apresentação desta exposição em Paris, é uma homenagem mais que merecida: «Natália recorria a esta cidade, como uma necessidade de rejuvenescimento».

Por sua vez, o curador da Exposição Rui A Pereira, também, agradeceu a todos quantos contribuíram para a concretização da homenagem a Natália Correia, que se pode enquadrar nos seguintes versos de um notável poema de Bertolt Brecht: «Do rio que tudo arrasta se diz que é violento./Mas ninguém diz violentas/as margens que o comprimem.”

A diretora da Casa de Portugal – André de Gouveia, Cité Internationale Universitaire de Paris, Ana Paixão, é da opinião que «a criação literária, a produção editorial e as intervenções políticas e sociais de Natália Correia são feitas de um rasgo imperioso que agita e derruba códigos e formas de dominação. (…) Ao colocar em causa todas as formas de poder, de autoritarismo e de mordaça sobre as ideias e sobre os corpos, a missão oceânica da autora de Mudar o Futuro continua atual em territórios e temporalidades distintas».

Louvou a atividade de Paula Lisboa que, «de forma entusiasta e competente, soube, com o seu saber e em todas as fases do processo, estar presente na idealização geral desta homenagem.( …) Trazer Natália Correia para Cité Internationale Universitaire de Paris é relembrar a luta que travou pelas liberdades individuais, contra todas as formas de opressão e de domínio continuam a ser atuais num contexto global». (…) A autora de A Madona nos permanentes combates que travou pela diversidade e afirmação sexual, pelo direito a dispor do próprio corpo, os princípios de diferença, da inclusão e do respeito, inseridos na Carta de Valores da Cidade Universitária. Falar de Natália Correia, realçou Ana Paixão, «é uma forma de dar um exemplo, demostrar a sua ação precursora na luta por princípios que continuam por conquistar e que nunca podem ser considerados como adquiridos».

Além desta exposição (que será inaugurada na próxima sexta-feira, dia 8 setembro, às 18 horas, e que continuará patente até 28 Outubro), a Casa de Portugal organizará ainda um colóquio internacional em parceria com as Universidades de Paris Sorbonne, Paris Nanterre, Paris 8, Universidades Nova de Lisboa e de Göttinghem, nomeadamente com a Cátedra Almada Negreiros.

A repercussão em França do centenário do nascimento de Natália Correia destaca a sua presença nacional e internacional na literatura e artes plásticas na segunda metade do século XX e, simultaneamente, a dimensão dos valores cívicos, políticos, sociais e culturais que promoveu e nas mais diversas circunstâncias.

Este texto é publicado n’o largo. no âmbito do projeto “Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa“, promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa

Total
0
Partilhas
Artigo anterior
Tomar: freguesia de Asseiceira regressa ao passado

Tomar: freguesia de Asseiceira regressa ao passado

Artigo seguinte
“Ossos e Tudo” estreia no TVCine

"Ossos e Tudo" estreia no TVCine

Há muito mais para ler...