Por ocasião dos 75 anos do nascimento de José Mariano Gago, a editora Gradiva e o LIP-Laboratório de Instrumentação e Partículas reeditam o ensaio “Manifesto para a Ciência em Portugal”, publicado em 1990 pelo fundador do LIP e primeiro dos ministros da ciência em Portugal. O lançamento, sob o mote “Na reedição do ‘Manifesto’, relancemos o debate”, far-se-á com três mesas redondas simultâneas em Lisboa, Coimbra e Braga, que contarão com um painel de convidados, a participação do público e uma conclusão conjunta online. Será no dia 16 de Maio, dia nacional do Cientista e data do aniversário de José Mariano Gago.
O ensaio “Manifesto para a Ciência em Portugal”, da autoria de José Mariano Gago, foi publicado pela primeira vez em 1990 pela Gradiva, e há muito que se encontrava esgotado. A editora lança agora, com o apoio do LIP – Laboratório de Instrumentação e Partículas, uma pequena reedição de 500 exemplares. Numa nota prévia à nova edição, Mário Pimenta, actual presidente do LIP e professor catedrático do Instituto Superior Técnico, que teve Mariano Gago como orientador do seu doutoramento e como colega no LIP, explica da seguinte forma o propósito desta nova edição:
A 16 de Maio de 2023, o José Mariano Gago faria 75 anos. Passaram já oito anos desde a sua morte, e 33 desde a publicação do seu “Manifesto para a Ciência em Portugal”. Contudo, o seu pensamento e acção continuam a ser de extrema actualidade: não há desenvolvimento científico sustentado numa sociedade sem cultura científica, ou em que confunda ciência e tecnologia, reduzindo a primeira a um instrumento da segunda, ouvi-lhe muitas vezes. Mais do que uma homenagem, a presente reedição do “Manifesto para a Ciência em Portugal” é o nosso contributo para que cada um, na construção da sua visão própria, possa a ele ter acesso.
Mário Pimenta, presidente do LIP
A nova edição inclui ainda um prefácio escrito por três investigadores do LIP pertencentes a uma geração que se apresenta como beneficiária das diferentes estratégias de internacionalização e de promoção da ciência postas em prática por Mariano Gago: Joana Gonçalves de Sá (investigadora principal de duas bolsas do European Research Council), Nuno Castro (professor da UMinho) e Patrícia Gonçalves (professora do Instituto Superior Técnico). Citamos aqui o seu ponto de partida:
O ensaio “Manifesto para a Ciência em Portugal” foi publicado pela primeira vez no final de 1990, pouco depois de José Mariano Gago ter deixado a presidência da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT). Portugal tinha entrado na CEE em 1986 e a palavra de ordem era “convergência”: era urgente que o país pudesse recuperar dos seus enormes atrasos, um dos quais, científico. Este ensaio foi fundamental para lançar o debate sobre como e que ciência deveria ser feita em Portugal e terá sido importante na hora da escolha, menos de cinco anos depois, de Mariano Gago como ministro de um novo ministério inteiramente dedicado à ciência e tecnologia. (…) Reler o Manifesto, passados mais de 30 anos, ajuda a perceber o quanto a ciência portuguesa tem progredido, mas também o tanto que ainda está por cumprir. Feliz ou infelizmente o Manifesto continua actual. (…) Também em modo ensaístico, optámos por destacar três ideias fundamentais.
Prefácio da nova edição de “Manifesto para a Ciência em Portugal”
O desenho das sessões de lançamento partiu do espírito da obra tal como está explicado no prefácio da primeira edição, que apresenta o Manifesto como um livro de acção:
Este manifesto É um ensaio. Propõe uma análise de estratégias de desenvolvimento científico baseadas na renovação da educação, na criação de cultura científica, na ruptura do isolamento científico português — isolamento face ao estrangeiro mas, igualmente, isolamento social e cultural, económico e político, da ciência no próprio país. (…) Este livro visa, pois, a acção prática. É seu propósito suscitar a construção de estratégias para o desenvolvimento científico português.
Prefácio da primeira edição de “Manifesto para a Ciência em Portugal”
Ao relançar o manifesto relança-se, pois, o debate. No dia 16 de Maio, terça-feira, às 17h30, nas três cidades em que existem pólos do LIP (Lisboa, Coimbra e Braga) decorrerão mesas redondas sobre o tema. Foi pedido a cada participante que contribua com uma ideia para o futuro da ciência em Portugal. À apresentação das ideias seguir-se-á um período de discussão, com a participação do público e, a terminar, uma sessão conjunta, online, sintetizando as ideias surgidas nas três mesas redondas realizadas nas três cidades, com moderação de Joana Gonçalves de Sá. O debate para o qual queremos contribuir com esta iniciativa não pode deixar de ser feito com todos, e esse debate é indissociável do papel da comunicação social, que convidamos a estar presente nas sessões de lançamento, disponibilizando-nos também para ajudar a pôr em prática outras ideias e acções que vos parecerem pertinentes.
Informações sobre os locais de realização das sessões e a composição e moderação das mesas redondas em www.lip.pt/manifesto-jmg.
Livro disponível aqui.
Este autor não escreve segundo as normas do Acordo Ortográfico de 1990.

Este texto é publicado n‘o largo. no âmbito do projeto “Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa”, promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa.