Estudo revela que adolescentes querem tecnologia interativa nos museus

“Identificámos um vazio sobre conteúdos museológicos adaptados aos adolescentes”, diz investigadora.
Tarik/Unsplash
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Os museus têm hoje um envolvimento ativo com visitantes, considerando as suas necessidades e desejos. Porém, com públicos diversos, é difícil seguir uma única estratégia. Relativamente aos mais jovens, os museus querem fazer mais uso da tecnologia.

“Identificámos um vazio sobre conteúdos museológicos adaptados aos adolescentes no campo do Design Interativo”, diz Vanessa Cesário, investigadora de doutoramento em Medias Digitais, que se dedica ao estudo da interação do público nos museus. Vanessa desenvolve a sua investigação no Instituto de Tecnologias Interativas (ITI) e a leciona no Instituto Superior Técnico (IST). Numa parceria com o Museu de História Natural do Funchal, Vanessa estudou como o museu poderia envolver melhor os adolescentes

“Queríamos que os adolescentes nos ajudassem a compreender o que seria para eles uma experiência agradável, o que nos levou a realizar sessões de design participativo com 155 jovens”, acrescenta. O objetivo era desenvolver uma aplicação móvel para complementar a visita ao museu e fomentar o envolvimento dos jovens. “O Museu de História Natural do Funchal não pode ignorar as ferramentas tecnológicas que os adolescentes utilizam para aceder à informação”, declara Ricardo Araújo, Director do Museu. “Queremos ir ao encontro das expectativas das novas gerações, utilizando a tecnologia para transmitir conhecimentos, afastando-nos das exposições tradicionais de outros tempos”, acrescenta.

Os adolescentes estão pouco interessados em museus.

As primeiras sessões de design resultaram em conceitos para experiências interativas em dispositivos móveis. Tornou-se evidente nestas sessões que os adolescentes não eram fãs dos museus. “Por um lado, os nossos participantes caracterizavam os museus como lugares aborrecidos. Por outro lado, estavam bastante entusiasmados sobre a possibilidade de existir tecnologia interativa a guiá-los através das exposições”, diz a investigadora. Posteriormente, categorizou o contributo dos adolescentes em dois temas: mecânica dos jogos e narrativas. A maioria dos grupos propôs experiências de gamificação. Apenas uma pequena parte se concentrou na narrativa, focando-se mais na construção de um enredo de aventuras.

Jogos versus histórias

Com base no feedback de adolescentes, o Interactive Technologies Institute construiu duas experiências móveis interativas diferentes para serem utilizadas no Museu de História Natural do Funchal. “Criámos dois protótipos, um baseado no jogo e o outro baseado na narrativa”, revela Vanessa Cesário. As aplicações foram depois testadas no museu, e foram retiradas algumas conclusões sobre a utilização das mesmas.

Vanessa e a sua equipa estudaram a relação entre as personalidades dos adolescentes e os seus níveis de envolvimento quando utilizavam as duas aplicações. Descobriram que os adolescentes competitivos preferiam geralmente abordagens orientadas para o jogo. Por outro lado, os adolescentes que estão dispostos a ouvir e que ficam intrigados com o enredo preferem abordagens baseadas em histórias. No final, a maioria dos adolescentes prefere uma história, exceto os mais competitivos, que se envolvem mais com métodos baseados no jogo.

O projecto de investigação atingiu a sua última fase a partir dos conhecimentos recolhidos ao longo dos anos. “Os nossos estudos mostram que a gamificação e as narrativas estão intimamente relacionadas. Os adolescentes são particularmente atraídos por serem a personagem principal numa aventura emocionante, e uma viagem cativante e emocional pode aumentar o seu envolvimento com a experiência do museu”, explica Vanessa.

Este autor não escreve segundo as normas do Acordo Ortográfico de 1990.

Este texto é publicado n’o largo. no âmbito do projeto “Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa“, promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa

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