A cobertura dada pelos meios de comunicação públicos brasileiros de rádio, televisão e online à invasão às sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto, em Brasília, Brasil, no passado dia 08 de janeiro é o motivo apontado para que o presidente Lula da Silva tenha demitido por decreto a direção da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
O decreto foi publicado na sexta-feira e implica o início dum processo de transição de trinta dias. Glen Valente, até aqui presidente da EBC, foi demitido e Kariane Oliveira, jornalista da estação, foi nomeada para o lugar. Lula também demitiu o diretor-geral Roni Pinto, o diretor de informação Sirlei Batista, o diretor de administração Márcio Fusissava e o diretor de operações Pedro Moszczovski. No entanto, o diretor de programação Denilson Silva mantêm-se no cargo, por ser empregado de carreira na empresa.
Oliveira devera assim conduzir o processo de transição para nova gestão, sendo que tem mandato até ao final de outubro.
Responsáveis eram próximos de Bolsonaro
A demissão dos profissionais está ligada ao tratamento dado pelos meios de comunicação social públicos durante a invasão no passado dia 08 de janeiro. Segundo nota a imprensa brasileira, quanto outros meios tratavam aqueles apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro como “vândalos”, “conspiradores golpistas” ou, mesmo, “terroristas”, os meios públicos mantinham a designação “manifestantes”, mantendo uma distância sobre os acontecimentos, tentando minimizá-los. Além disso, o telejornal da TV Brasil emitiu declarações do senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, algo que foi considerado como uma provocação política por parte da estação.
O jornal Folha de São Paulo acrescenta que havia o medo acrescido de que os responsáveis das estações de rádio e televisão, designados para o cargo pelo ex-presidente, sabotassem as emissões ou veiculassem ideias antidemocráticas.