O poder das palavras

“A linguagem […] faz o papel de uma arma usada na batalha contra o desconhecido: há quem domine perfeitamente a arte de falar e há quem se sinta inferiorizado”
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Do you speak English? Parle Français? Sprechen Sie Deutsch? – São exemplos de perguntas que fazem os músculos contrair e provocam um pânico interior por vezes difícil de explicar. Por que razão isto acontece? Porque no nosso corpo se ativa uma reação ao outro e, tal como nos primórdios da Humanidade, quando desarmados tendíamos a ficar com medo do forasteiro.

A linguagem neste caso faz o papel de uma arma usada na batalha contra o desconhecido. Há quem domine perfeitamente a arte de falar e há quem se sinta inferiorizado (na maioria dos casos perante a sua própria avaliação) por não a conseguir dominar.

Vejamos então mais de perto como ocorre o processo de aquisição de uma língua estrangeira. Tal como noutras áreas aqui também existem métodos convencionais e não convencionais.

Dentro dos convencionais podemos contar com o método direto, chamado também de comunicativo. É um dos primeiros métodos e foi utilizado ainda na Grécia antiga. Consiste na participação ativa do aprendiz numa conversação com o professor ou com outros utilizadores da língua. Outro método convencional é o gramático onde a gramática e o vocabulário constroem a base da aquisição linguística, muitas vezes solitária, usada nas análises e traduções dos textos. Um outro método surgiu durante a II Guerra Mundial nos Estados Unidos como o mais rápido e eficaz no ensinamento dos soldados. Denominou-se áudio-linguística e teve como objetivo dominar as quatro competências: audição, oralidade, leitura e escrita.

Passando para métodos não convencionais, vale a pena sublinhar que o denominador comum a todos eles é uma maior atenção e foco no aprendiz (aluno), tanto nas características pessoais como no sentimento de bem-estar. Como exemplo temos o método Total Physical Response (TPR) onde se destaca a análise silenciosa e o movimento físico relacionado com os conteúdos da comunicação. Na prática os alunos respondem aos imperativos do professor, por ex. “Ana fecha a janela. João, quando a Ana fechar a janela, abre a porta! “. Existe também o método Counselling Language Learning (CLL) que se baseia numa convicção que a aprendizagem ocorre apenas nas situações comunicativas e nas áreas de interesse dos utilizadores da língua. Finalmente, temos o método natural onde a aprendizagem de uma língua estrangeira é uma espécie de absorção orgânica. É mais comum em idade tenra quando o ser humano aprende a falar, comer, andar e viver em sociedade.

Hoje, na era das novas tecnologias a cada passo surgem novas aplicações, filmes, programas, canais e outros conteúdos tecnológicos que convidam à aprendizagem de línguas. No meio destes (e outros) métodos que são sem dúvida alguma uma mais-valia, existe um fator importantíssimo que pode ser decisivo. A aptidão pessoal para ultrapassar o seu próprio bloqueio, o tal medo de falar e errar.

Falar uma língua estrangeira é um ato íntimo, e falar significa tirar do nosso interior alguns sons, que inicialmente parecem estranhos até a nós próprios. É preciso coragem para partilhá-los com outros.

Na tentativa de aprender uma língua estrangeira é essencial perceber que é um processo psicológico e não logístico, onde errar é tão natural como respirar. Só errando é que aprendemos, e são os erros que nos transportam para o nível seguinte. Para conseguir falar é fundamental ganhar coragem e ultrapassar as nossas próprias inseguranças.

O que é garantido é que não é preciso ser excelente para começar, mas é preciso começar para ser excelente.

Este texto é publicado n’o largo. no âmbito do projeto “Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa“, promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa

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