Burquina Faso: Junta Militar suspende emissões de RFI

Em causa, estão declarações transmitidas em antena
Burquina Faso: Junta Militar suspende emissões de RFI
RFI
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A Radio France Internationale (RFI) viu as suas emissões serem suspensas este sábado no Burquina Faso, após a estação de rádio ter alegadamente transmitido informações que a Junta Militar considera falsas e ter difundido declarações dum chefe de um grupo considerado pelo mesmo órgão como “terrorista”.

Num comunicado assinado pelo porta-voz do governo burquino Jean-Emmanuel Ouédraogo, a Junta Militar suspendeu “imediatamente e até nova ordem” as emissões da rádio. Na mesma nota, a RFI é acusada de ter “transmitido uma mensagem de intimidação” atribuída a “um líder terrorista. Este órgão de comunicação contribui para uma manobra desesperada dos grupos terroristas para dissuadir os milhares de burquinos mobilizados para a defesa do seu país, contrariando a dinâmica das ações em curso para restaurar a integridade do nosso território”, acusa.

O Governo deseja reafirmar à opinião nacional e internacional o seu compromisso com a liberdade de imprensa e opinião, mas também com o direito do público à informação. Contudo, apela ao respeito das regras e princípios decretados a este respeito no nosso país.

Jean-Emmanuel Ouédraogo

Além disso, o comunicado acusa a RFI de ter transmitido uma informação falsa sobre Ibrahim Traoré, o atual presidente da Junta da Militar, em que se sugeria que o militar havia dito que uma tentativa de golpe de estado o visava.

A situação não é nova: já a 03 de novembro, a Junta Militar havia se mostrado desagradada com a alegada “tendência dos jornalistas deste órgão de comunicação e a sua propensão para desacreditar a luta em que o povo burquino está empenhado”.

“Leitura errada do trabalho dos nossos jornalistas” – Sindicato de Jornalistas

Do lado da RFI, a direção e o Sindicato de Jornalistas da estação internacional reagiram, lamentando a decisão das autoridades burquinas.

Em comunicado, a direção considera que esta suspensão aconteceu “sem aviso prévio e sem seguir os procedimentos estabelecidos no acordo de radiodifusão” que a RFI assinou com o Conselho Superior de Comunicações do país. Mais: considera que as acusações são “totalmente infundadas” e “põem em causa o profissionalismo das suas estações”, assegurando, no entanto, que o grupo France Médias Monde vai “explorar todas as vias para restaurar a emissão”: “O grupo […] reitera o seu compromisso inabalável com a liberdade de informar e com o trabalho profissional dos seus jornalistas”, frisa.

Já o Sindicato dos Jornalistas da RFI também lamenta a decisão e diz que se “baseia numa leitura errada do trabalho dos nossos jornalistas. Consideramos importante recordar que as prioridades das RFI são, e sempre foram, a pluralidade de pontos de vista e das pessoas a quem dá voz, bem como um trabalho de campo fidedigno e criterioso e um compromisso inabalável com a liberdade de informar. O sindicato acrescenta que “em nenhum momento”, a qualidade do trabalho dos jornalistas que estão afetos à atualidade no país africano “nunca esteve em causa”.

A RFI é uma rádio francesa detida pelo grupo público France Média Monde, que inclui também a estação de notícias France 24. A emitir em francês e em mais quinze idiomas, tem, segundo dados da estação mais de quarenta milhões de ouvintes por semana em todo o mundo. Só no Burquina Faso, a estação tem cinco emissores em FM, emissão em onda curta e por satélite, além de cinquenta rádios-parceiras que retransmitem os conteúdos da estação, atingindo cerca de quarenta porcento da população burquina.

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