A influencer e socialite do início deste século, Biba Pitta, disse um dia, numa entrevista que “a caridade começa na porta ao lado”. O meu respeito por ela começou nesse dia, bem como o meu interesse pela solidariedade.
No sábado, tive o privilégio de estar presente no TEDx Porto. O evento aconteceu num cenário feminino e foi gratificante ouvir aquelas seis mulheres a falarem dos seus projetos de empreendedorismo e solidariedade.
Algumas das talks foram verdadeiramente comoventes.
A primeira mulher, Silvia Freitas, falou-nos do seu projeto Pedalar sem idade, que tem como objetivo lutar contra o isolamento da população envelhecida. Foi muito emocionante ouvir as palavras da fundadora do projeto: “Pior do que a solidão de quem não tem filhos é a solidão de quem os tem”. Silvia combate a solidão dos mais idosos levando-os a passear de bicicleta adaptada pelas ruas do Porto.
Seguiu-se Dulceneya Almeida, cofundadora da New Faces New Voices, uma associação que apoia mulheres guineenses que precisam de apoios financeiros para os seus projetos empreendedores.
A última oradora da primeira parte deste TEDx Porto foi Teresa Ponte, presidente da Porto Solidário. Confesso que me arrepiei com os relatos de pobreza escondida e com as necessidades com que toda a equipa da associação se depara no dia a dia, numa realidade com que convivemos e muitas vezes não conseguimos enxergar.
Mas a segunda parte foi muito comovente. Logo na primeira apresentação, não foi possível conter as lágrimas. Mariana Abranches Pinto partilhou a experiência que tem vivido, juntamente com a sua filha Nini. “Tudo muda num segundo”, dizia a impulsionadora da Associação Compassio, que, duma forma serena, partilhava a sua experiência com a plateia: “Aceitar o que me é dado a viver (…) A morte é apenas um segundo”. A Mariana comoveu-me com a sua coragem, dedicação e as suas palavras. Enterneceu-me com os relatos da postura da sua jovem filha perante as estranhezas e vicissitudes da vida.
O TEDx continuou com Carmo Teixeira Bastos, presidente da Young Parkies, Associação Portuguesa de Parkinson Precoce. Foi marcante o relato de uma mulher, jovem, que se depara com uma doença degenerativa e como uma realidade relativamente comum nos passa despercebida. “Será que há vergonha na partilha de diagnóstico?”, questiona. Foi muito interessante ouvir as suas experiências e a forma cruel como a sociedade ousa julgar quem não conhece.
A última oradora tinha um cabelo maravilhoso e um tom de pele lindo! Laila Portela partilhou conosco as dores de ser mulher e negra. A criadora da Global Women in Tourism falou-nos de como o turismo pode ser um utensílio no desenvolvimento social, cultural e económico. Já me tinha apercebido das dificuldades que Leila explanou. Este verão, nas férias, comentei com a família de como era chocante só haver pessoas negras e estrangeiras a servirem na sala do pequeno-almoço do hotel onde estive, enquanto que, na receção, estavam miúdos com pouco savoir faire, só porque são “barbies” ou portugueses brancos.
Toda a organização e voluntários da TEDx Porto estão de parabéns. Foi, sem dúvida, um evento muito interessante e cativante.