A verdade é imperativa

“Em todas as tábuas de leis, a verdade é (…) condição indispensável para podermos viver em paz e em harmonia com os outros.”
A verdade é imperativa
kenishirotie
Este artigo foi publicado há, pelo menos, 2 anos, pelo que o seu conteúdo pode estar desatualizado.

Em todas as tábuas de leis, incluindo as que Moisés nos mostrou ou as dos reeditados Dez Mandamentos da Igreja Católica, em todas as normas que a vida colectiva aconselha ou impõe, a verdade é imperativa.

Reflecti sobre isto há dias, quando fui despedir-me de um companheiro desta aventura dos jornais e descobri, no Adro da Paróquia de Oliveira do Douro, um jardim de dez oliveiras, cada uma a enquadrar um dos dez mandamentos já citados.

Nesta lista, o mandamento que impõe a verdade é o oitavo e sintetiza-se com a expressão “não levantarás falsos testemunhos”. Noutras tábuas figura noutra posição, mas em todas elas, até no Código Deontológico dos Jornalistas, a verdade é imperativa.

No Código Deontológico dos jornalistas, é logo a primeira norma e diz que o jornalista “deve relatar os factos com rigor e exatidão e interpretá-los com honestidade”, acrescentando que “os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso” e que “a distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público”.

Em todas as tábuas de leis, a verdade é imperativa e condição indispensável para podermos viver em paz e em harmonia com os outros. Esta norma também está presente na expressão latina de Ulpiano (150-223) que estabelece os três preceitos do Direito Romano: “honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere“.

Quem estudou Direito em Coimbra e apanhou Sebastião Cruz a reger a cadeira do Direito Romano, lembrar-se-á bem destes três preceitos de Ulpiano (“viver honestamente, não lesar a outrem, dar a cada um o que é seu”), base comum a muitos edifícios jurídicos, incluindo o nosso. O Professor Sebastião Cruz exigia a citação, em latim, desses princípios e pela ordem aqui referida.

Neles, está implícita a verdade como valor inalienável da convivência humana num quadro civilizacional desejável. Infelizmente, nem sempre respeitado e seguido, nestes tempos que alguns já classificam como sendo tempos da “pós-verdade”, com todas as más consequências e o correspondente retrocesso que isto implica.

Este texto é publicado n’o largo. no âmbito do projeto “Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa“, promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa

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